Há um jeito de fazer as coisas que perpassa o bom convívio da inteligência com a elegância. Há sofisticação no ato de colecionar informações e organizá-las atentando ao prazer estético. Não numa elegia à fruição fortuita e fácil. Mas, sim, na perspectiva de entender os processos históricos que, no decorrer do tempo, elegem ícones, referências, contextos e contingências. É nesse ambiente que circula Beth Venzon. É por causa de um pensamento que tem como âncora a competência no saber fazer que suas ações na área dos estudos, da formação e da informação sobre moda se tornam relevantes à contemporaneidade. Ei-la, então, decifrando a história e suas tramas e, ao mesmo tempo, tramando dados e casos para codificar uma perspectiva do e para o design na Serra Gaúcha. O mundo visto a partir da perspectiva do quintal da casa. E a casa, o local, como habitat das tramas da indústria da moda no mundo. Feito à maneira da memória, tendo a mão como viés de importância no tato e no trato de cada detalhe, eis uma especialista do bom gosto. Num trocadilho com a peça de Edward Albee, Beth é três mulheres altas numa só: a exigente, a expert e a sofisticada. Vetores de tantas nuances que definem e decifram um jeito de atuar com profissionalismo ímpar. Ela entende que o universo do mundo da moda é feito em rede e, por isso, não se atém aos parâmetros convencionais. A tendência é olhar além, detendo-se ao aqui e agora feito de antes e depois, de futuro e passado. Assim, suas intervenções profissionais, suas consultorias e seus ensaios estéticos, são apuradas correlações de causa e efeito, de referências e novidades, do fashion atravessado por construções conceituais. Sua capacidade operativa enuncia o entendimento da moda como articulação de conhecimento, inserida no campo da produção de cultura. Dentre os vocabulários da área, Beth Venzon é grife.

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Carlinhos Santos,

jornalista e escritor