
Iniciamos 2025 e com ele chegamos a ¼ do nosso século. Tempo literalmente voa!
Duas décadas e meia envoltos em muitas e imensas transformações. Projeções feitas lá nos anos 2000 sinalizavam que as mudanças seriam gigantes, mas com certeza não conseguíamos imaginar o quanto. A tecnologia avançou e dominou a cena em todos os aspectos e a moda esteve à frente e junto mostrando caminhos espetaculares. Uma jornada de incríveis descobertas. Nem percebemos quantas transformações a moda apresentou, porque a fugacidade dos momentos e das novidades parecem não ter permanência. São fluidos como os tempos líquidos já descritos por Bauman em seus estudos e agora vivenciados por nós plenamente.
“A revolução das comunicações é o equivalente atual da revolução industrial do século passado. O próximo movimento terá uma dimensão completamente nova.” Palavras deste grande criador na moda Helmut Lang em entrevista em 1999. O avanço tecnológico é marca deste século e o digital ganhou espaço de todas as formas e se tornou parte de nós que nos dividimos, ou melhor, somamos os dois universos em nosso cotidiano, e assim como nós, a moda nunca mais seria a mesma. Vemos, sabemos, vivenciamos tudo em tempo real como os eventos dos lançamentos/desfiles. Tudo ganhou nova dimensão e tudo se tornou espetáculo, mesmo antes de vermos as coleções em passarelas ou cenários surpreendentes, deslumbrantes, provocativos, porque tudo compõe a experiência.
Tudo se transformou e o tempo se tornou luxo, desejo, busca, o raro. Os objetos se revestem de narrativas de emoção e a moda se apresenta em múltiplas possibilidades, com o mesmo desafio de encantar e emocionar com suas criações, campanhas, apresentações, comunicação com diferentes caminhos e muita, muita criatividade na conexão com seus consumidores. Muito já mudou e mudará ainda mais.

Eu, apaixonada por história, amo o hoje, mas gosto de dar uma espiada no ontem. Até para entender melhor o que já vivemos e como chegamos até aqui.
Na minha biblioteca, busquei publicações contando um pouco desses nossos últimos anos na moda, folhei as revistas e confesso que me perdi e me encantei lendo, vendo e revendo tantos assuntos, tendências, momentos, pessoas, criadores. E claro, as pesquisas igualmente aconteceram no espaço digital. Quanto movimento!
Observando os novos nomes entrando em cena, iniciando suas marcas ou revolucionando outras já consolidadas, jovens assumindo direções criativas de marcas com grandes legados transformando suas imagens, respeitando sua essência, mas sempre lembrando que o “espírito do tempo” fala alto e a interpretação é contemporânea, com públicos igualmente contemporâneos. Marcas florescerem em direções criativas brilhantes somadas a gestões idem. Nos despedimos de grandes nomes, alguns jovens demais como o inesquecível Alexander McQueen e o incrível Virgil Abloh. Albert Elbaz, Karl Lagerfeld, Issey Miyake, Rosita Missoni, Roberto Cavalli entre alguns nomes que nos deixaram e contribuíram de forma significativa neste segmento.
Alexander Mcqueen Fall 2001/
Balenciaga Spring 2006
A moda é movimento e como movimentos circulares e espirais, as informações vão e vêm, mas sua essência sempre estará lá, com espaço totalmente aberto a infinitas interpretações e conexões.
Duas décadas de muitas descobertas e inovações fizeram o design de moda avançar entre minimalismo e maximalismo, handmade/humano e a tecnologia com muitos conceitos e desafios surgindo a todo momento. Tudo se soma!
Observo também que referenciais criativos dos grandes mestres japoneses e belgas continuam presentes. Paris e Milão mantém-se importantes, junto com Londres e NY e assim como o Brasil, que iniciou suas semanas de moda em 1996. Mas, no mundo todo a moda ganhou mais espaço, mais criadores, mais marcas e os olhares se voltam para a busca e construção das identidades de cada lugar, suas expressões, seus fazeres, sua essência traduzidas pelo design.
Walter Rodrigues Verão 2001 /
Christian Lacroix Fall 2001
Tempos de instabilidades, a partir de 11 de setembro de 2001, trouxeram uma nostalgia no ar buscando na história a força para novos pontos de partida e que ainda hoje permanece em muitos caminhos criativos, porque continuamos em busca de tempos mais leves.
Das criações surrealistas, escapistas a (re)descoberta dos clássicos e peças essências. A camisa foi protagonista e surgiu em tantas versões difíceis de contar o número, mas suas novas formas são incríveis e vemos que tudo se reinventa o tempo todo! Isso só para citar um exemplo. Você já deve estar pensando em outros com certeza.

Cito novamente Helmut Lang dizendo que “o sistema definido com Haute Couture – Prêt- à Porter – Street Fashion, não podem ser utilizados. As fronteiras desapareceram, as tendências na sua forma pura deixaram de existir. Os atuais estilistas utilizam elementos das três categorias como partes de um todo.” Dito em 1999, ele já previa, assim como outros designers importantes, que o sistema da moda estaria em transformação e suas divisões não seriam mais tão rígidas e tudo poderia se mesclar e assim criar novos caminhos. Sim, a fluidez se tornou conceito chave.

Nossa busca pelo novo segue sua trajetória entre as descobertas, experimentações e apostas para o amanhã , mesmo assim os olhares para os legados construídos se mantêm firmes , mas devemos lembrar sempre que moda é comportamento e reflexo de seu tempo. Tempos plurais!
A empolgada aqui não para mais e o texto ficou longo.
Muito pra contar em apenas um texto, por isso a ideia de apresentar a vocês no @moda365oficial uma série de informações deste espaço tempo 2000 a 2025.

E eu te espero lá!
Ah! Adoraria que você compartilhasse suas lembranças de moda deste período aqui nos comentários.
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