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  • Foto do escritorBeth Venzon

Quando encontrei a moda: um pouco da minha história.

Meu primeiro texto é uma reflexão, talvez mais uma narrativa,
de meus pensamentos sobre a moda em sua essência.
 


Descobri a moda em meio aos estudos de arte. Já se passaram mais de 30 anos desse encontro que virou minha grande paixão de estudos e descobertas.

No primeiro momento, as criações me fascinavam pela forma como eram apresentadas. Longe de desfiles, entendi a roupa carregada de significados. Expostas em meio a ambientes que registravam a história, paredes com afrescos preservados, arte e arquitetura em conexão ampla e plena com o vestir. E o mais incrível, o carinho como tudo era cuidado e como as pessoas, ao vestir, davam vida as roupas em meio a esse cenário. Encantada, observava tudo e sem me dar por conta eu já criava as narrativas entre arte e moda e suas muitas conexões. Curiosa, comecei os estudos neste universo, ainda na Itália. País no qual fui ampliar o estudo da história da arte e onde a moda cruzou meu caminho sem aviso prévio. Presente da vida!



Estou falando do final da década de 1980, um período de intensas mudanças e brilho da moda italiana com seus criadores ícones. A moda era o centro das atenções. A força da imagem, as expressões das marcas, a força do têxtil e as maravilhas desenvolvidas em superfícies, em estampas, texturas e formas. Os processos desenvolvidos, o cuidado com a matéria prima. Legados construídos. O grande valor da manualidade, da história, do tempo e das técnicas em meio a criatividade. A paixão de todos em meio esses processos. E sim, a descoberta da Vogue Itália entre outras publicações, com editoriais e textos que aprofundavam o contexto do vestir no cenário de comportamento, com todas a mudanças que viriam com Franca Sozzani na direção desta. A moda essência, a moda imagem, a moda comunicação, a moda como leitura do seu tempo. A moda como expressão. A moda história, a moda criação. A moda que encanta e sedutoramente provoca, desafia. A moda criativa que convida a experimentar novos caminhos. Da matéria-prima à peça vestida, um longo processo e muitos sistemas. Uma moda que amplia sua participação na sociedade e, como diz Lipovestsky, no momento contemporâneo, a “apoteose da moda”.



A partir de tudo isso, meu jeito de ver a moda se estendeu ao compartilhar esse olhar com alunos, apresentando-a de uma forma muito mais ampla em seu significado e suas possibilidades.

A moda é movida pelo novo. É movimento. É reflexo, espelho e leitura do seu tempo. Sua natureza é ser efêmera e mudar constantemente. E as novidades seguem o ritmo da sociedade. Ritmo que se acentuou com a era digital intensificando a sensação de velocidade que se tornou parte de nossas vidas, acelerado pela tecnologia ao clic de uma nova imagem, mensagem, busca...

A moda em seu processo continuo de mudanças, imaginação estética, rompe regras e barreiras. Inova, resgata, provoca e constrói inúmeras possibilidades. Instigante criatividade efêmera, que pode passar a emoção atemporal e pessoal, dependendo de nossas conexões e significados atribuídos ao que escolhemos ser nossa segunda pele.

Transitória e efêmera, seduz e encanta. É mudança e respeito às individualidades.

Em meio a tantos desafios e mudanças que a moda tem, e sou ciente disso, continuo a ver que sua força está na essência que carrega e consegue transmitir. No impacto que pode provocar em meio às narrativas de emoção. A moda poesia precisa existir na moda business.



A criatividade estimulada em tempo integral, incentivada pela experimentação e a construção da inovação.

A moda ética, sustentável e que inspira. Que valoriza lugares, pessoas, criadores e criações em livre narrativa nas infinitas possibilidades do contemporâneo.



Beijos, Beth.

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